A Arte de Escrever


Texto: Jeferson Cardoso de Sousa
Foto: Beatriz Cristina

Mais uma vez, o projeto Antenados nos surpreende com um de seus convidados. Nessa quarta, dia 22 de maio recebemos o escritor de Betim, Miguel Canguçu Alves. Ele falou um pouco sobre sua trajetória, inspirações e sobre a arte de escrever.







“O processo de Escrita é uma batalha com as palavras”, conta Miguel, que aos 50 anos de idade publicou seu primeiro livro intitulado “Brevidade”. 


“Não é necessário se formar em letras para escrever”. O poeta disse também que parte do que escreveu, foi feito antes de ingressar na faculdade e vários de seus poemas surgiram de acontecimentos e lembranças do passado e da infância, como o poema “Na Fossa”.





Vamos falar um pouco sobre sua obra:


O poema “Na Fossa”, por exemplo, de acordo com o escritor, conta a história de um senhor muito pobre do interior de Minas Gerais, especificamente o Vale do Mucuri, que trabalhava duro para retirar o sustento da família. Em um dia de trabalho, escavando uma fossa, o homem, ao usar de uma corda para retirar a terra de dentro do buraco, segurava uma labanca (ferramenta utilizada para cavar) abaixo de sua cabeça. Quando puxou a corda, a mesma arrebentou fazendo com que o balde, cheio de terra, despencasse sobre sua cabeça que estava acima do cabo da labanca e assim o trabalhador morreu com o crânio perfurado. O poema narra esta história de uma maneira indireta, transformando o que até então era dor em reflexão para os leitores.





Miguel disse ainda que todos podem escrever e que “Qualquer matéria serve para poesia”. Quando você escreve um poema, ele deixa de ser somente sua cena, porquê o poema é universal, pertence a todos, e toda ou qualquer interpretação que se fizer dele é verdadeira. Ao interpretar um poema, você busca identificar-se de acordo com seus sentimentos e emoções, buscando satisfazer as necessidades do espírito para se conseguir paz interior.


Em entrevista com o Poeta obtivemos algumas informações sobre sua trajetória:


Miguel, O que te motivou a escrever?


Eu escrevia e apresentava peças de teatro quando adolescente e também participei de um grupo de teatro em São Paulo. Mas o que mais me motivou a escrever foi quando entendi que quando você escreve algo tão agradável, porque não compartilhar isso com as pessoas?


De onde você retira inspiração?


De acontecimentos do dia a dia, reflexões, sentimentos. Quando enxergo algo diferente em uma cena, como uma formiguinha construindo sua vida de grão a grão, carregando nas costas seu alimento.


O que você teve que enfrentar para conseguir realizar seus sonhos com relação à escrita?


Nasci de uma família pobre, do Norte de MG (Vale do Mucuri) e tive que enfrentar muitos obstáculos para conseguir estudar. Uma típica luta pela sobrevivência.





Que mensagem você deixa para as pessoas que querem iniciar na arte da escrita?


Tenho a dizer que todos podem se aventurar na escrita. Escrever é como retirar da terra uma pepita de ouro, ela precisa ser lapidada. Não existe um bom escritor que não seja um bom leitor. Quer ser escritor, então se acostume a ler.







O processo de produção de seu novo livro:”Façanhas Em Prosa e Versos”, começa a partir do dia 9 de julho de 2013 e possivelmente será lançado no dia 29 de setembro, data de aniversário do escritor.

“O poema tem uma porta de entrada e infinitas de saídas, mas bom mesmo seria se pudéssemos permanecer viajando por ele.”- Miguel Canguçu.


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